A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR EM FAMÍLIA: E A SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A FORMAÇÃO DA CIDADANIA.
RESUMO
Espera-se através desse trabalho de conclusão desenvolver a consciência familiar em torno da relação entre o brincar e o desenvolvimento amplo da criança. Estimular a brincadeira como algo natural na rotina familiar, enfatizando dentro da família a importância da valorização do lúdico. Sendo assim tenho como objetivos específicos esclarecer e contribuir para a conscientização familiar com o ato de brincar, discutir a relação entre o ato de brincar e o desenvolvimento cognitivo da criança, esclarecer os benefícios do lúdico na formação da personalidade do indivíduo, reconstruir o brincar familiar como algo natural na rotina do lar. Estarei abordando também temas como: relacionar a brincadeira como forma de interação familiar, descrever as vantagens da brincadeira em família para a criança em relação à vida social, trazendo uma analise do comportamento familiar em relação ao lúdico e avaliar os benefícios do brincar na vida familiar como prática pedagógica.
Palavras-chave: Família, Brincar, Brincadeira em família, Relação familiar.
1 INTRODUÇÃO
O ser humano em suas diferentes fases de desenvolvimento está sempre construindo conhecimentos, tentando se organizar. Para cada etapa há relações com os tipos de construções realizadas e destas vivências despontam modos de atuação que se adéquam melhor à vida cidadã.
O ser humano passa por diferentes etapas nesta construção, desde o chupar o polegar até elaborar pensamentos com diferentes estruturas. Construir um saber apropriar-se de um conhecimento. É no seio deste processo que a criança irá construindo com a possibilidade de transformar o objeto, de acordo com a experiência de cada um. Sem a brincadeira (lúdico) fica tedioso o processo de aprendizagem. É necessário que a construção se faça a partir do jogo, da imaginação, do conhecimento do corpo.
Brincar é vital, primordial e essencial, pois, esta é a maneira que o sujeito humano, na saúde, utiliza para se estruturar como sujeito da emoção, da razão e da relação.A construção de símbolos é fato marcante para o homo sapiens. A criança, ao fazer tal conquista, entra para um espaço social e cultural extremamente valorizado nas culturas letradas e tal fato não passa despercebido pelos que cuidam dela, às vezes, por ter um ritmo diferente, os adultos acabam deixando de valorizar o processo de conquista e quer logo o resultado, o produto.
Este trabalho tem o objetivo de discutir os motivos que levam as crianças a dedicarem grande parte de seu tempo ao jogo, à brincadeira. Por esse motivo, pesquisei sobre como é importante a criança aprender brincando e a importância da família na construção de seus valores na sociedade e como temos vivido no seio familiar a prática lúdica e cognitiva da criança em relação família-aprendizado.
Proporcionar um pleno desenvolvimento da criança é providenciar condições para que se possam criar indivíduos melhor preparados psicologicamente, para terem maior capacidade de assimilação não só de conteúdos, mas do próprio meio a sua volta. Podendo ainda afirmar-se que preparar crianças, ou desenvolvê-las no seu todo potencial e autonomia é o mesmo que modelar o mundo por uma qualidade possível, mas até hoje desconhecida da humanidade.
O Homem é um animal lúdico, o mais lúdico de todos. O brincar é uma atividade saudável e muito útil, quer no plano físico quer no mental. Pois o brincar desintoxica e distrai, repousa e diverte, faz a reparação do desgaste e recompõe o equilíbrio, acrescenta prazer e vai aumentar o bem-estar; isto é, dissolve o desprazer e mal-estar e conquista gozo e alegria.
De acordo com Augusto Cury (2003):
Os filhos não precisam de pais gigantes e brilhantes, mas de seres humanos que falem a sua linguagem e sejam capazes de penetrar-lhes o coração. Este hábito dos pais brilhantes contribui para desenvolver em seus filhos: auto-estima, proteção da emoção, capacidade de trabalhar perdas e frustrações, de filtrar estímulos estressantes, de dialogar e de ouvir.
Nesse pressuposto é importante salientar a comprovação da influência que o brincar proporciona para o desenvolvimento amplo do indivíduo desde a infância. A prova disso está nas escolas, onde o lúdico está sendo inserido como algo pedagógico e eficiente na aquisição da aprendizagem, no entanto, mais que o brincar na escola e com os colegas, será enfatizada a seguir a questão do brincar em família. E demonstraremos o quanto é importante essa interação familiar para a aquisição de valores que as crianças levarão consequentemente para a escola e para a vida.
2 AS VANTAGENS DA BRINCADEIRA EM FAMÍLIA PARA A CRIANÇA EM RELAÇÃO Á VIDA SOCIAL E SEU FUTURO
O processo de socialização dos filhos ocorre no contexto familiar, que é caracterizado por uma série de dificuldades vividas pelas famílias e que vão, desde dificuldades financeiras, até dificuldades na forma das mães lidarem com suas crianças na solução de alguns problemas.
De acordo com Augusto Cury (2003):
Pais e filhos vivem ilhados, raramente choram juntos e comentam sobre seus sonhos, mágoas, alegrias e frustrações... Nós nos tornamos máquinas de trabalhar e estamos transformando nossas crianças em máquinas de aprender. Não existe lembrança pura do passado, o passado é sempre reconstruído!
O papel da família na educação dos filhos acaba baseado em modelos passados por gerações anteriores. Percebem como sua primeira função oferecer cuidado e proteção às suas crianças, ou seja, dar alimentação, cuidar para que estejam limpas e agasalhadas, preservando sua integridade física. Ensinar e corrigir os filhos também são funções da família. Para isso, é comum nas práticas educativas das famílias o uso da punição, representada comumente por castigos e agressões físicas.
Outra importante ação que faz parte do papel da família é o de inserir seus filhos no mundo social. As crianças desde cedo são encaminhadas às creches e escolas para que as mães possam ir para o trabalho e isso acaba por contribuir com a família em seu papel socializador. Há, na realidade, uma rede de apoio às famílias na tarefa de educar e socializar os filhos, como a igreja de que fazem parte, o sistema educativo formal e a vizinhança.
Porém algo de maior valor, muitas vezes ainda não está inserida no meio familiar, ou por falta de tempo, paciência ou até mesmo por desconhecer os benefícios que o simples ato de brincar tem no desenvolvimento amplo do seu filho. Se o lúdico não está presente dentro do ambiente familiar as outras relações sofrerão alguma interferência certamente, problemas na escola, na vizinhança, na comunidade religiosa, mais tarde no trabalho, nas relações amorosas, e tudo isso, pois o ato de brincar não foi levado a sério. Demagogia ou não muitos teóricos relacionam essa falha na infância como percussores de diversos problemas na vida adulta.
Para Vygotsky (1989):
O brinquedo desempenha várias funções no desenvolvimento, como: preencher as diversas necessidades da criança, permitir o envolvimento da criança num mundo ilusório, favorecer a ação na esfera cognitiva, fornecer um estágio de transição entre pensamento e objeto real, possibilitar maior autocontrole da criança, uma vez que lida com conflitos relacionados às regras sociais e aos seus próprios impulsos.
Brincar não só está presente no desenvolvimento da criança como na vida do adulto, com diferentes funções e características, mas também, pertence à sociedade, à história da civilização humana.
3 OS BENEFÍCIOS DO BRINCAR NA VIDA FAMILIAR COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA
Como é a relação familiar com a brincadeira? De que forma a família se relaciona? Qual o conhecimento que a família possui em relação aos benefícios do brincar?
Para Zamberlan e Biasoli-Alves (1997):
O papel dos pais, além de ser o de prover bens, sustento dos filhos, educação informal e preparo à educação formal, consiste em transmitir valores culturais de diversas naturezas (religiosos, morais, tradicionais, acadêmicos). Os pais têm a missão de dividir afazeres e controlar rotinas, as quais são assimiladas pela prole no desenvolvimento de sua personalidade.
Enfim, busquei através desse trabalho identificar essas questões dentro do contexto familiar e comprovar a importância do brincar nas relações familiares, e demonstrar que a falta do lúdico nessa relação social acarreta grandes problemas principalmente na escola. Não se pode negar que a brincadeira consiste num dos primeiros veículos de comunicação entre criança e adulto. Por seu intermédio, disseminam-se variados tipos de conhecimento e habilidades entre a grande maioria das crianças.
Inegavelmente, a família é o primeiro meio de socialização da criança, em que ela receberá a base inicial do que consiste a vida em sociedade, quer seja um grupo constituído segundo a estrutura nuclear moderna que a sociedade como um todo tem como modelo, ou organizada de acordo com outras possibilidades.
A brincadeira desenvolve aptidões físicas, mentais e emocionais. Uma infância estimulante, com brincadeiras apropriadas a cada etapa de desenvolvimento contribui para a formação de uma personalidade íntegra e completa, fato que ocorre até os seis anos de idade. Isso num ambiente adequado e motivador que estabelecerá a qualidade de experiências que serão vividas pela criança.
Considerando esse fato, o que se pode concluir é que na família que tudo começa, então é de suma importância que os pais ou cuidadores entendam que a interação que eles têm com seus filhos é a base para a formação de sua personalidade e o brincar em família constitui uma prática de valores inestimáveis, pois é no brincar a criança estabelece relações entre o real e o lúdico, conhece os limites através das regras, cria valores que servirão para toda a vida. Para Szymanski (1998):
As práticas educativas ocorrem de maneira informal ou mesmo sem um planejamento explícito, porém, vinculadas a uma imensa gama de situações de vida. É num montante de atividades estimuladoras fornecidas pela família, que se dá o fenômeno da brincadeira, dos jogos e dos muitos brinquedos que podem auxiliar os pais na educação da criança.
Se nossa sociedade a educação fosse alicerçada na valorização do lúdico desde a infância dentro de casa, certamente não teríamos os problemas sociais que acontecem na atualidade. Porém ainda a tempo de tentar mudar essa ótica e ver o mundo de outra maneira e começar de novo.
4. COMPORTAMENTO FAMILIAR EM RELAÇÃO AO LÚDICO
No Brasil, foram encontradas poucas pesquisas sobre a brincadeira inserida no contexto das relações familiares, principalmente estudos que consideram o ambiente natural no qual vivem as famílias. Embora, atualmente, a pesquisa sobre jogos e brincadeiras esteja em plena ascensão, à maioria desses estudos parece colocar a família num segundo plano, pouco considerando o contexto e as relações familiares.
No entanto, há vários teóricos que enfatizam a importância do brincar e do brinquedo no desenvolvimento da criança.
A família constitui uma das fontes mais ricas para se conhecer a influência da ligação de duas, três ou mais pessoas no desenvolvimento humano. A grande maioria dos estudos citados é realizada em laboratórios e não apontam para o contexto onde famílias e crianças interagem no seu cotidiano e as implicações e influências que esses ambientes podem produzir na interação dessas pessoas em momentos como os de jogos.
De acordo com Winnicott (1982):
As crianças têm prazer em todas as experiências de brincadeiras físicas e emocionais. Além disso, brincam também para dominar angústias e controlar idéias ou impulsos que conduzem à angústia. No espaço do brincar a criança comunica sentimentos, idéias, fantasias, intercambiando o real e o imaginário.
Não se pode descartar a importância desses estudos para o desenvolvimento desta área de interesse científico, mas verifica-se a necessidade de uma visualização e exploração maior nos contextos onde se desenrolam as relações humanas, quer na família, na escola ou em outros ambientes, para que se compreenda melhor a complexa dinâmica de se educar crianças.
A inserção da criança no mundo se dá em meio a trocas intersubjetivas, e as maneiras de ensinar a criança a existir como um ser social pode ser considerado como práticas educativas.
A análise do ambiente da criança em relação ao seu desenvolvimento tem levado a correlacionar o desenvolvimento de habilidades e competências com os estímulos ambientais, bem como o desenvolver da afetividade familiar.
A família pode e deve contribuir para a mudança deste quadro, pois, a brincadeira não é intrínseca nas crianças, ou seja, elas não nascem sabendo brincar. O papel da família é essencial na construção desse hábito tão saudável e cada vez menos freqüente na infância.
5 CONCLUSÃO
A pesquisa que realizei para a realização desse trabalho limitou-me na abordagem bibliográfica que defendem o brincar como prática educativa na relação familiar e os benefícios que essa prática trás para a formação da personalidade do indivíduo e desenvolvimento psico/motor da criança. Quero fazer as palavras desse escritor as minhas.
Segundo Augusto Cury (2003):
Ensine seus filhos a fazer do palco da sua mente um teatro de alegrias, e não um palco de terror. Nenhuma técnica psicológica funcionará se o amor não funcionar. Chorar e abraçar são mais importantes do que dar-lhes fortunas ou fazer-lhes montanhas de críticas, Seus filhos não precisam de gigantes, precisam de seres humanos.
As informações foram coletadas mediantes pesquisas à livros e artigos científicos relacionados ao assunto e analisadas afim de concluir o objetivo do projeto.
Ao término deste projeto pode-se concluir através da análise de bibliografias a respeito do assunto em questão que a relação do brincar na interação familiar está cada vez mais escasso, devido principalmente à vida moderna. Porém, há de convir que as brincadeiras ocupem um papel importante dentro do mundo das práticas educativas, demonstram implicitamente e desempenham uma função preponderante nas relações entre as famílias.
Esse brincar é essencial para a vida da criança, pois estabelece uma conexão entre o mundo imaginário e o mundo real. É um processo necessário, para que a criança possa aprender a lidar com as situações presentes na família, na escola, com os amigos, aprimorando as relações intra e interpessoal. A brincadeira em família é a atividade principal para a criança, nela o processo é mais importante do que o resultado da ação, ou seja, o resultado da brincadeira não é o mais importante, mas o momento em que a brincadeira se desenvolve.
Não é somente os seus filhos que devem brincar. Os pais também podem participar junto com eles. A brincadeira em familia faz com que a criança se desenvolva melhor. Você pode brincar com a criança mesmo que ela não seja mais um bebê ou pequena. Afinal de contas, não é porque seu filho cresceu que ele não precisa mais brincar.
Ao brincar com seu filho, você pode conhecê-lo melhor, perceber como ele se sente e quais são seus pensamentos; além de saber dos desejos e temores que eles porventura não falam abertamente. É na hora da brincadeira que eles se soltam e realmente contam tudo o que os alegra ou aflige.
Gostaria de pedir aos pais: deixe seu filho te guiar pela criatividade e imaginação dele. Se não há riscos, não corrija ou interrompa, este é um momento que ele quer compartilhar com você da maneira que ele quer. Ao se sentar no chão e desenhar, contar histórias jogar bolinha-de-gude, andar de bicicleta aos finais de semana, montar um quebra-cabeças que ele não consegue sozinho, pular amarelinha (lembre-se dos tempos de infância), ou se fantasiar de super-herói, faz com que você resgate a criança que você foi um dia e compartilhe isso com seu filho; além de se conectar à ele de um modo totalmente diferente.
E mais: não tente a desculpa de que você está cansado ou não tem tempo. Você pode pedir à seu filho que brinque no chão à seu lado enquanto você descansa e lê uma revista; enquanto cozinha você pode pedir ajuda á ele; assistir um filme junto; pedir para ele ajudar nas tarefas que faltam ser feitas; ler um livro para ele. Ou seja, não há desculpas para não entrar em contato com eles. É importante mostrar para seu filho, que apesar da correria do dia-a-dia, você ainda tem tempo pra ele, se importa com o que ele tem a dizer. Mesmo que você realmente esteja esgotada, nunca maltrate seu filho ou recrimine por ele querer brincar, nem que seja 15 minutos em um dia do final de semana, tire para dar uma atenção especial à ele. Talvez esses minutinhos podem mudar um futuro de uma geração inteira e inclusive mudar a sua relação com o mundo.
De acordo com Augusto Cury (2003):
Há um mundo a ser descoberto dentro de cada criança e de cada jovem. Só não consegue descobri-lo quem está encarcerado dentro do seu próprio mundo.
No século XV, a criança era vista como um adulto em miniatura. Ela era vestida como adulto e a ela cabiam decisões como se fosse adulto. Na época atual, em algumas famílias, esta situação não é muito diferente. A criança ocupa, muitas vezes, o lugar de centro de decisões: ela é a autoridade e os pais a obedecem. É ela quem determina a hora e onde irá dormir; se vai ou não tomar vacina; se vai ou não escovar os dentes, etc. Existem alguns segmentos da literatura e segmentos sociais preocupados em conscientizar os adultos das necessidades, importância e responsabilidades de cada papel.
Muitos adultos quando se referem à criança e ao que lhe é pertinente, referem-se de uma maneira pejorativa, desqualificada ou desconsiderada. Brincar é o verbo da criança. Brincar é a maneira como ela conhece, experimenta, aprende, apreende, vivencia, expõe emoções, coloca conflitos, elabora-os ou não, interage consigo e com o mundo. O corpo é um brinquedo para a criança. Através dele, ela descobre sons, descobre que pode rolar virar cambalhota, saltar, manusear, apertar, que pode se comunicar.
6 REFERÊNCIAS
SZYMANSKI, H. Práticas Educativas na família. São Paulo: Ática, 1998.
VYGOTSKY, L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
WINNICOTT, D. A criança e seu mundo. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1982.
ZAMBERLAN, M. T.; BIASOLI, Alves, Z. M. Interações familiares. Teoria, pesquisa e subsídios à intervenção. Londrina: Eduel, 1997.
CURY, AUGUSTO Pais Brilhantes e Professores Fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
STEINBERG, LAURENCE 10 Princípios básicos para educar seus filhos. Rio de Janeiro: Sextante, 2001.
NOLTE, L. DOROTHY E HARRIS, RACHEL As Crianças aprendem o que vivenciam. Rio de Janeiro: Sextante, 2005.
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